12.2.08

e quem foi que te disse que eu quero a eternidade para viver numa calmaria?
eu quero essa necessidade desabalada de tocar as coisas que possuo,
certificando-me de que ainda são minhas,
lutando com medo de perdê-las ou destruí-las soterrando-as pelas novidades que me surgem.
eu quero o nervosismo de não saber do que será o meu amanhã,
essa aventura não escrita da vida que me tem,
sim! é a vida que nos tem, é ela que nos vive, e não o contrário!
essa jornada que muitas vezes é desventura, mas que pode ser encenada,
pode ser mudada e inventada, pode ser vista do ângulo mais otimista sob uma tempestade,
ou sob o enfoque de quem nunca está satisfeito mesmo com a vida feita.
enfim, uma louca sucessão de segredos revelados,
efemeridades que, juntas, compõem uma história infinita, uma eternidade mutável em si mesma,
é isso que quero.

quero morrer, lançando-me ao mundo do nada, do vazio.
mas quero, antes disso, pincelar cores num quadro em movimento.
com cacos daquilo que fui e mudei, montar um mosaico,
um toque da minha essência no âmago da humanidade.
quero deixar a minha marca, revelar segredos, contar mentiras, talvez.
quero fazer parte de algo maior,
quero contribuir naquela sucessão de pequenas coisas idiotas e simples que formam o infinito.

quero a ânsia de viver daqueles que sabem que o amanhã é só promessa,
os que vivem cada dia como se fosse o último dia.
aqueles que aproveitam cada beijo como se fosse o último momento feliz.
essa vontade de viver só tem quem sabe que não tem a eternidade pela frente.

e dentro de cada momento eu vou construir tanto que a eternidade eu encerrarei em cada segundo.