31.12.06

o teu cheiro
e a ausência do teu gosto em minha boca
me levam ao desespero.
te quero, então, com uma vontade louca.
.
eu fico horas a sonhar!
imaginando mil e uma maneiras de te beijar.
mas eu te vejo e me entrego, me perco
e tudo que acontece é natural, me tira o sossêgo.
.
e só me resta saber que é nosso,
todo nosso, o momento em que ambos nos olhamos
e toda a importância da vida se resume ali.
.
só me resta de memória o segundo em que te vi,
me encarando, com um sorriso cúmplice.
a dizer que é real o momento que vivi.

22.12.06

Oração

pousa
tua mão em meu peito
e me diz, baixinho
que ele é, agora, teu leito
.
e sorrindo,
tenta escutar meu coração
que bate acelerado
ofegando a respiração
.
e não te mexas!
não quero perder um único segundo
dessa visão tão doce
.
e descansa...
teu sono eu juro embalar
e dos teus sonhos eu quero participar.

21.12.06

Dependente

és tu quem me traz
a minha paz
e és tu quem a leva
quando vais embora

é triste me ver abobado,
tanto quando tu vens,
quanto quando te vais.
levando minha paz.

e meu sossêgo se desfaz
quando não te vejo mais
e a saudade é, então, atroz.

é quando tu vens
que eu me entrego
à sofreguidão como me tens.

16.12.06

saboroso é o teu beijo
que me enche a boca d'água
da mesma forma que a tua imagem faz descompassar o meu coração
leve que fica ao te ver aproximar-se
.
balançando os cabelos, lançando-os ao vento
espalhando por aí o perfume que me embriaga
me torna sedento do teu colo
faz meu pensamento todo pura fantasia
.
e, se o fazes sorrindo, vens me olhando
nossa! juro que me perco em devaneios
pela grandeza da formosura que fico admirando
.
e me encabulo, ora pois!
ao te ver tão perto, a te querer tão forte
a ponto de suspender a respiração, para sorrir também

Qualquer coisa!

eu tenho um bilhão de estrelas para te dar
mas vôo alto e busco muitas mais
se tu por acaso achar que podem faltar
ou que o brilho delas é pouco para o teu colar

eu também posso mergulhar em todos os oceanos
e pegar todas as pérolas que existirem
a ponto de tu marcar teus caminhos com elas
para não te perder, e para que elas te iluminem

mas eu também posso ficar quieto
do teu lado. te ouvindo respirar
tentando imaginar com o que estás sonhando

tentanto não te acordar
mas louco para que despertes e me veja... e me beije
e me dê a alegria de contigo sonhar
não!
nem tudo é efêmero
nem tudo passa como o dia cansativo
nem tudo precisa de uma noite para esconder-se
.
tenho a certeza de quem vive pensativo
tentando achar a desculpa para defender-se
não querendo parecer vivo em algo desconhecido
como se, para ser feliz, fosse necessário um visto
.
e a tenho mesmo não achando a resposta para tal loucura
a certeza está antes na reciprocidade, do que na lógica da verdade
está antes na busca, na sensação, do que na resposta
.
está velada no próprio desejo de saber,
pois não se sente algo que não existe,
não se busca por aquilo que se duvida, que não se quer ter.

10.12.06

mistura de mulher elegante e menina provocante
deusa exuberante que mata com um olhar
cativa. suspende-me a respiração ao passar
transforma-me naquilo que tem por amante

é, agora eu sei, a vida a pulsar
é, não quero negar, mais do que sonhei possuir.
não! não é posse! ah! palavras malditas que não são sentimentos
exprimem, e mal, no máximo meus pensamentos.

que triste sina é essa a minha:
ter a imagem perfeita da musa na retina
o amor perfeito no coração palpitante.

e não conseguir a reprodução fiel (seria sacrilégio!)
nem a definição ideal (praticamente adultério!).
por isso é que rabisco papéis, hesitante.

9.12.06

Arrebatamento

um farol que ilumina o nada,
e que compete com a lua
em brilho refletido na superfície nua
na qual se resume o mar de minha alma

exposta que é às intempéries da vida
mas que as ignora
visto que o tal brilho de farol
ofusca qualquer outra coisa que não seja maior que o sol

e é justamente essa nova luz que brilha
o motivo do meu espanto
pois é ela que me mostra a cada dia um novo encanto

em ver que há sim momentos... e há também recantos
que, não mais escondidos no escuro em que me fechava,
se revelam ao brilho do teu sorriso de felicidade rara.

8.12.06

e agora? que me dizes disso tudo?
do desejo violentamente doce
que consome a razão,
que a distorce em fantasias mirabolantes
realizáveis, ouso imaginar!, numa noite de verão
se não for ela pouca!
e também no inverno, por que não?
bastando-nos a vontade louca.
.
dirás tu que é exagero?
minha resposta a isso seria uma gargalhada
um beijo quente, com o tal desejo
e a certeza em dizer que tu ainda não vira nada
sinta meu corpo queimando
e minha alma em expansão
desejosa de extrapolar os limites físicos
e explodir o amor num frenesi de emoção
.
sinta, e não se acanhe em sentir, os meus arrepios
ouça os sussuros, inconfundíveis sinais de prazer
que, bem como os tremores e os olhos fechados,
denunciam o meu estado, louco a te querer
.
eu, que nunca tentei esconder,
declaro-me, agora, cativo dos carinhos teus
sedento dos beijos que me dás à luz da lua
.
eu, que nunca fiz nada para fugir,
estou, agora, preso a tua armadilha que não tortura
antes liberta... me solta para a vida sem medo de cair
não me acene com o dia de amanhã
caso tua intenção, hoje, seja negar-me tudo
te quero e não consigo esperar, sozinho num afã
pois são incontroláveis os pensamentos que tomam meu mundo
quando de ti longe e carente,
abandonado, praticamente
com sorrisos que não duram um segundo

5.12.06

esconde-se num cativante véu de inocência
assim podes brincar ao provocar
ao fingir ignorar meu estado de demência
louco o suficiente para também querer brincar.
.
não sabemos, ou melhor, não queremos saber
das conseqüências que atos como estes podem trazer
apenas nos doamos, mesmo que ela insista em não admitir
e eu tente a ela não sucumbir.
.
mas eu não reclamo!
longe disso! eu antes agradeço
me sinto vivo. alguém, por mim, tem apreço.
.
e mesmo que uma vez ou outra a saudade bata,
mesmo que eu sinta o peito apertar,
é impossível esconder a leveza que me traz o fato de amar.
línguas, ambas em nós
fazem-se e desfazem-se em confusões excitantes.
leve bagunça que existe quando estamos a sós
longe do mundo e dos lamuriantes
.
traduzem a busca louca, pelo toque, do corpo.
é a mais pura expressão do desejo mais latente
que não se contenta, não é saciado
antes aumenta, a cada nó desatado
.
e a distância que surge quando nos olhos mergulhamos
pequena o suficiente para a respiração ofegante sentirmos
não mais faz do que decretar a ausência dos juízos,
.
e anunciar que não satisfazemos nada além dos caprichos.
doce veneno, à vida pacata, é essa gula
que nos deixa absortos em sonhos de luxúria

3.12.06

são os espíritos que se calam
o vento que pára para não espalhar os sussurros
dos amantes abraçados num só desejo
amando uma só vida
.
querendo sentir cada vibração,
cada gota de suor que escorre.
querendo ser o fim e o começo de cada emoção
o derradeiro depositário um do outro e do amor
.
e tudo isso dura apenas segundos
tudo se resume ao ato da entrega inconsequente
é tudo em tão pouco, por isso extasiante
.
mas engana-se quem pensa que, de tão ínfimo não valha o sacrifício
de tão istantâneo seja passageiro e efêmero.
é, antes, o segredo da vida. um ofício divino.
qual!
não vejo graça em não ser exagerado
não existe pudor algum que me refreie
ou que me faça pensar antes de te amar
.
não há forma humana,
e, quiçá, nem divina
para que me expresse com exatidão
e isso me tortura, abrasa como sal em ferida crua
.
não imagino tampouco
outra forma de mostrar aquilo que sinto,
mesmo que seja aproximada, essa entrega sem medida, dilacerada
.
e então, ah! não ouso pronunciar em voz alta
sob pena de despertar a ira invejosa dos demais
portanto, em voz baixa eu direi que para sempre te amarei

Meu lugar

e tentei eu fugir numa noite estrelada de verão
não por dor ou por tristeza, mas antes com um sorriso
pois já incapaz de resistir à tentação,
pensei ser melhor correr em desatino

mas que triste a percepção que eu tomo com desdém
não mais me presto a tentar me esconder do destino
pois também ele sabe me encontrar na confusão
mesmo que nela me meta não querendo estar perdido

e ah!, dirás tu
zombando de mim por querer esconder-me logo nos teus amores
nos teus carinhos de deliciosos sabores

sabia eu que acharias-me facilmente
pois também eu não queria estar mais perdido e bem achado
do que no teu colo, com teu calor intenso e perfumado

2.12.06

Fixação

ah! que coisa mais insistente
esse pensamento todo que a ti tudo relaciona
e ao tudo me torna indiferente
como se mais nada no mundo inteiro valesse a pena

de incrível solicitude a tua imagem em mim gravada
acalma, provoca, faz rir e põe sol no céu todo dia
mesmo sendo espera de demora exagerada
me torna alegre ao saber que a noite não será fria

e não nego que as vezes me pego em triste desalinho
como se ao nada eu estivesse jogado
como se mais nada a não ser a imagem me fizesse carinho

e, de repente, desperto de sobressalto, espantado
lembrando que ainda não é chegada a hora de te ter
e volto para a vida, ainda mais desisteressado

te amo, morena