29.10.06

um testamento quem sabe.

veja
que lindas as sombras que o sol e a cortina fazem no chão!
parecem dançar...
estão, na verdade, anunciando o fim de mais uma tarde.
os pássaros lá fora,
nos galhos da árvore na qual tanto nos beijamos,
cantam,
e cantam felizes, pois desconhecem o seu fim...
o fim de tudo. só sabem que o verão está próximo.
o vento que abre as janelas,
que bagunça a toalha da mesa,
que inunda a casa com o perfume da saudade,
é o mesmo que passa por entre as folhagens do jardim,
é o mesmo que desajeita ainda mais o bailar de uma borboleta,
que afasta pequenas nuvens, deixando o céu límpido,
perfeito.
ele, o céu, é o mesmo há muito tempo.
tanto tempo que nem lembro, afinal, não era para ele que eu sorria feliz...
sorria.
eu posso ver que nada mais importa.
eu já fiz o que deveria ter feito.
eu já fumei meus cigarros, já ouvi os discos que queria,
já pulei das alturas que temia, eu já fui feliz.
fui não!
ainda sou.
sou feliz por tudo aquilo que tive.
e esse mesmo vento... vou rir com ele quando derrubar as flores de meu túmulo,
só para que elas encostem no teu.

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